Caríssimo primeiro-ministro, cidadão engenheiro José Sócrates – peço imensa desculpa se me enganei no título, mas com toda a confusão surgida à volta deste assunto e com a falta de esclarecimento, que espero ocorra pelo menos na próxima década do presente século, sinto-me inseguro como devo proceder – quero participar-lhe o meu mais vivo repúdio pelo modo como o vêem tratando nos últimos meses.
Ele são altos gritos, comentários em surdina, gestos menos bonitos, assobios de protesto e até esgares do mais puro e profundo desprezo, os quais “contracenam” com as outras vozes menos gritadas quase melodiosas, gestos de amizade, assobios de apoio e olhares benevolentes de apoio dos seus já poucos mas “eternos” (pelo menos enquanto tiver poder e/ou não surgir uma alternativa válida no partido), cegos, surdos e mudos, quais macacos, seguidores.
Todos e tudo serve para destabilizar a governação nacional socialista, que protagoniza neste momento, tendo em vista o engrandecimento do país e o bem-estar deste tão mal agradecido, mas humilde, povo.
Não faltavam mesmo as sondagens, negativas ainda por cima, que surgem e que permitem concluir, de certo concorda comigo, que o povo é na realidade muito mal agradecido e que está insatisfeito.
Brada aos céus, como se usa dizer.
Insatisfeitos com o primeiro-ministro e com os governantes seus ministros, que tal como a grande maioria dos trabalhadores portugueses, neste momento “trabalham a contrato por tempo incerto”, podendo de um momento para o outro perder o “tacho”..
Como é possível ser-se tão ingrato e não perceber que estes senhores, que trabalham imenso para o nosso bem-estar, na sua quase totalidade aceitam estes lugares – em que são “obrigados” a receberem belíssimos salários, usarem carros topo de gama, incluindo condutor e muitas mais benesses – em prejuízo dos ordenados e benesses que tinham na sua vida não governativa.
São muitos os que até nos esclarecem publicamente que “são prejudicados por aceitarem os cargos”, outros que os “aceitaram pelo povo” e sentido de “dever público”.
Daí vê-los tristes e trôpegos de pensamentos, não sendo difícil encontrar alguns tantos que quase só dizem asneiras, em espaço nacional e internacional e a ritmo acelerado, assumindo até comparativamente com o que lhes vai dentro das respectivas “cabecinhas” pensadoras, por exemplo, que a sul do Tejo só há deserto.
Então não têm v. exa. e todas as excelências que o rodeiam – neste momento relembro o programa televisivo que nos dava o essencial do ridículo que é a governação e que dava pelo nome de “Sim Senhor Ministro” – trabalhado, por exemplo, a saúde (refiro ao sector e não às corriditas que v. exa. dá em território estrangeiro e que surgem na comunicação social, tendo por fim mostrar um governante de tipo atlético e como se isso fosse extremamente importante), aumentando a probabilidade dos cidadãos morrerem à procura de um sítio para receberem ajuda médica, de se ter um parto dentro de uma ambulância que percorre quilómetros antes de encontrar o destino e em que ocorrendo o parto na ambulância possibilita que os progenitores da criança lhe atribuam o nome do bombeiro parteiro.
Possibilitando a incomensurável alegria aos cidadãos, apesar de terem descontado durante décadas para aquilo que vulgarmente se define como reforma, de irem trabalhar até aos 65 anos e terem uma menor probabilidade de gozarem o seu merecido período de reforma, porque o espaço temporal entre esta e a ocorrência do seu falecimento é menor, ficando apenas com a alegria defunta de terem contribuído para o equilíbrio das contas da segurança nacional.
Como é possível que os mal agradecidos dos meus concidadãos não percebam que o controlo feito através da denúncia de colegas – caso do professor do norte do país que contou uma anedota acerca do primeiro-ministro – ou mesmo a exoneração da directora de um centro de saúde que se recusou a obedecer a um governante e não retirou um cartaz, afixado por um colega que assumiu tal facto, e a substituição da mesma por um membro do partido socialista, nada tem de negativo e foram sempre atitudes que deram resultados positivos quer a quem denuncia quer para quem governa.
Ou mesmo as greves que ocorrem, de um modo tal vilmente propostas como protestos a esta vossa formidável governação, só podem vir de mal agradecidos que não conseguem vislumbrar ou mesmo sentir o quão agradável é trabalhar sem futuro, ser objecto de avaliação sem qualquer sentido ou mesmo perder regalias obtidas no passado.
A “trabalheira” que foi elaborar um programa governativo na altura das eleições e após a concretização da vitória ter de se alterar o mesmo, aumentando impostos logo imediatamente em total desacordo com aquilo que se havia proposto antes e “apenas” para cativar eleitores.
Mas os mal agradecidos deste país nem assumem que os nossos governantes de um modo estóico constituem listas publicas de devedores ao fisco e à segurança social, quando os valores em divida são volumosos, e que apesar do esforço a lista continua com milhões de euros em divida (o que dá ideia de que as pessoas referidas não se interessam por tal), sendo a denominada arraia-miúda, com dívidas de dezenas de euros, que é ameaçada de penhoras e acaba por as pagar.
O esforço demonstrado pelos governantes, sempre a nosso favor, para encontrarem uma solução para aquilo que haviam já decidido e que várias vezes tornaram público relativamente ao novo aeroporto é digno do maior respeito.
Foi a OTA, é +1 ou +2, é um qualquer cidadão nacional que dá mais um palpite de localizar o aeroporto noutro local e cá temos, não só um governo totalmente baralhado de ideias e de atitudes, mas igualmente que este impasse só demonstra a preocupação pelo bem-estar dos mal-agradecidos cidadãos nacionais, acreditando eu que a resolução final será a OTA +0
In Correio dos Açores
Saturday, August 11, 2007
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