O fumo é branco e tudo me leva a acreditar que temos Presidente!
O discurso de Cavaco Silva, como Presidente da República, durante as comemorações do dia dez de Junho, que sendo por definição o dia de Portugal, foi a versão aprofundada daquele que ele proferiu há um ano atrás e com o reconhecimento, em minha opinião, de que no decurso desse período muitíssimo pouco se conseguiu progredir neste País.
Em Junho de 2006, no Porto, o novel Presidente exortou os portugueses a assumirem o presente, de então, e a não adiarem o futuro, sendo um facto que a esse tempo já existia na governação um partido socialista e um primeiro-ministro, José Sócrates.
As dificuldades deveriam ser encaradas de “frente” como é uso afirmar, e embora se assuma que temos, como portugueses um passado valoroso e valioso, é era o futuro que nos deveria trazer e aos vindouros algo de positivo.
Este ano em Setúbal, cidade assumidamente com problemas sociais e familiares e onde a população sofre as consequências de uma economia frágil e dependente, nomeadamente com problemas de desemprego, Cavaco Silva reforçou o afirmado em 2006 ao referir que Portugal se caracteriza, genericamente falando, por “baixos níveis” e que tal como já o fez por várias vezes não se resigna “à passividade perante os indicadores persistentes do nosso atraso em relação aos parceiros europeus”.
Fique claro que a actuação politica de Cavaco Silva nunca, nem mesmo enquanto desempenhou funções de primeiro-ministro, foi objecto da minha admiração e tal facto não me permitiu “dar-lhe” o meu voto aquando da sua candidatura a Presidente da República.
Nem mesmo no decurso da sua presidência consegui assumir, pelas suas intervenções, que pessoalmente poderia contar com ele no sentido de contribuir para a resolução dos nossos enormes problemas nacionais.
Pareceu-me ir ser uma presidência caracterizada pontualmente com algumas acções correctivas das políticas governativas, mas dada a sua anterior ligação ao maior partido da oposição, se sentiria, pela sua própria maneira de ser, inibido de grandes “interpretações”.
Talvez para tal tenha contribuído a sua imagem pessoal e a sua maneira impessoal e monocórdica de se expressar e de sorrir – aquele sorriso que demonstra estar atrás de si, alguém que foi ensinado a rir para fins políticos e que não nos permite a entrada no seu intimo nem nos diz nada – chegando mesmo, por vezes e apenas quando o ouço, a confundi-lo, com aquele enorme “peso morto” do erário público que se assume como pretendente ao trono de Portugal e que afirma amiúde que estaríamos muito melhor se vivêssemos numa monarquia.
Mas Cavaco Silva conseguiu mostrar-me – embora eu reconheça que não lhe faz diferença alguma e que não deixará de almoçar ou dormir profundamente por tal – que poderei contar com ele para que o futuro de Portugal, e consequentemente de todos nós, tenha ainda alguma perspectiva de existir.
Cavaco Silva, parece-me representar neste momento a única e possível oposição a um governo nacional que se apresenta sufragado por uma maioria absoluta de portugueses, sôfregos na altura de um futuro que se encontrava impossibilitado de surgir pela actuação extremamente negativa de um primeiro-ministro e demais governantes, que mais não fizeram que “enterrar” de modo acelerado o País.
A maioria absoluta então conseguida pelo partido socialista e que mais tarde se “transportou” para José Sócrates, enquanto primeiro-ministro, e para os restantes membros do governo, deu origem a uma democracia demasiado musculada e de extremo autoritarismo e arrogância, que em muitos aspectos contribui para o mal estar de um povo, que procurando algo de positivo para as suas vidas, de certo nunca assumiu ser tratado da maneira como o é actualmente.
Mas arrogância e democracia musculada não é apanágio do governo nacional, podendo encontrar-se nos governos regionais, com as tomadas de decisão que qualquer um deles assume na sua governação, no que concerne a actuação, a conivência, o favorecimento, o descontrolo e mesmo o atrevimento, protagonizado por tantos que apenas possuem aptidões próprias de estarem sempre em concordância e de não terem ideias próprias para contraporem aos que governam.
A nível nacional Cavaco Silva, para além de Presidente da República, parece-me ser a única e possível oposição a esta democracia musculada e em que os valores humanos são bastas vezes colocados de parte.
A oposição de tão apagada nas suas tomadas de posição – e isto estende-se igualmente aos Açores – apenas consegue pontualmente marcar posição e “mostrar” algumas ideias, sem que os efeitos práticos se façam sentir, tal é o estado de “manietação” em que se encontra.
Cavaco Silva é de facto, neste momento, o português que consegue que as suas palavras, tais como as que proferiu no último discurso, sejam ouvidas e que sobre elas os governantes reflictam.
As palavras proferidas, como se usa dizer, não caíram em saco roto e têm tanto mais valor quanto são ditas publicamente – com numerosos portugueses sofredores das politicas do governo – e na presença do primeiro-ministro José Sócrates e de mais alguns dos seus, tão controversos, ministros.
Daí eu acreditar que, perante este cartão amarelo em vésperas de se assumir a presidência europeia, o governo se tornará muito mais ponderado na sua maneira de decidir.
Foi “perdido” na governação europeia – que apenas dura um semestre – que António Guterres se esqueceu, entre viagens e demais preocupações comunitárias, que era primeiro-ministro de um governo nacional e fez “descambar” todo o processo de desenvolvimento do País, pondo mesmo em causa todo um bom trabalho desenvolvido anteriormente.
Se reflectirmos e tomando como exemplo o celebre Wally, podemos muito bem perguntar: “- Onde está José Sócrates?”.
Entre viagens à China, Rússia, Norte de Africa, etc…, como se consegue governar Portugal, tanto mais que alguns dos seus ministros, felizmente para nós que ainda não são a maioria, apenas lhes falta um “poucochinho” para lhes podermos chamar mentecaptos.
Cavaco Silva afirmou – demonstrando qual a real situação do País – que não se resigna “aos fracos níveis de crescimento económico, ao abandono escolar preocupante, à pobreza e exclusão social de tantas famílias, à escassa dimensão das componentes científica e tecnológica do aparelho produtivo”, a que eu atrevidamente acrescentarei, os aspectos de saúde.
São numerosos os casos de decisões, penso eu que tomadas sem a devida ponderação, que em nome do desenvolvimento do País, foram tomadas pelo governo e que posteriormente foram pontualmente corrigidas.
Na saúde custou a vida a alguns portugueses essas situações de “fecha, não fecha” centros, no emprego as situações de encerramento, bastas vezes consequência de deslocalizações de empresas foram muitas, os casos do aeroporto e do comboio rápido é uma baralhada e até as eleições intercalares na Madeira, consequência da decisão de penalizar o governo regional da região em vários milhões de euros, teve decisão judicial a favor de João Jardim, originando a obrigação do governo central entregar esse montante à Madeira.
Parece-me senhor Carlos César, amais uma vez e a propósito que, como diz o ditado popular “que quem ri por último ri melhor”, lá temos o Dr João Jardim com o seu nível de desenvolvimento regional - um dos mais elevados do País – baseado no sector do turismo, de “vento em popa” e simplesmente “borrifando-se” para o cumprimento das suas obrigaçõezitas.
In Correio dos Açores
Monday, June 18, 2007
Friday, June 15, 2007
A FACTURA
Já tinha recebido vários “simpáticos” documentos da EDA, Empresa de Electricidade dos Açores, principalmente e quase fundamentalmente os referentes à facturação do consumo de energia eléctrica, que mensalmente tenho necessidade de utilizar.
O pagamento, que normalmente efectuo religiosamente no último dia que me é permitido, só não sendo ao “cair” do inicio do dia seguinte porque normalmente me encontro bem aconchegado em casa, é devidamente satisfeito e sou, sinceramente, um cliente obrigatoriamente satisfeito, na medida em que não posso e nunca poderei ter outro fornecedor, dadas as características da pequena região arquipelágica onde vivo.
Tento no entanto e tentarei cada vez mais, fazer use de processos de aquecimento e de produção de energia eléctrica através de pequenos sistemas renováveis, que me permitirão viver feliz não só com uma conta menos choruda de consumo de electricidade mas simultaneamente, contribuir para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.
Mas voltemos ao essencial.
Devido ao facto de ter um tempo de espera - que normalmente uso para ler um jornal ou revista ou algum livro que usualmente transporto no carro que utilizo, o que em média anual, por exemplo, me permite ler quatro romances por ano – a ter pago minutos antes a factura mensal de consumo de electricidade e a não ter nada para ler, decidi “passar os olhos” – porque felizmente de dois se tratam – pelo referido documento enviado na oportunidade pela produtora de energia eléctrica, com quem “casei” para o bem e para o mal, até que outro fornecedor me surja com alternativas melhores em preço e qualidade.
Acredito que um contabilista ou auditor “olharia” de outra maneira para a factura da EDA – Empresa de Electricidade dos Açores, que já se identifica, segundo os seus responsáveis, como sociedade anónima de lucros consideráveis a entregar como dividendos aos accionistas e quiçá, de acordo com o que se passou nos anos transactos, a remunerar os trabalhadores com um adicional aos catorze meses de salários.
No entanto e após algumas leituras adicionais sobre dois aspectos referidos na dita factura, fiquei em ânsias de mostrar aos leitores, como é bom viver em Portugal e de outro ponto de vista depender de uma única empresa fornecedora de um produto.
A semelhança, penso eu, é de facto extrema entre um governo com maioria absoluta, que não se identifica tecnicamente como “governo monopolista” fornecedor de democracia musculada, e uma empresa que em sistema de monopólio fornece algo, mas que não se identifica tecnicamente como uma “empresa com maioria absoluta”.
Em qualquer dos casos o objectivo a atingir é sempre o mesmo: o cidadão, o “mexilhão” como se usa dizer na área do Direito, ou seja todos nós, os que não detemos o poder governamental ou empresarial.
Vamos à minha primeira surpresa, mas neste caso devemos admitir que a empresa apenas serve de intermediária para a governação.
Trata-se de uma taxa que aparece na zona destinada a “outros créditos/débitos” e que segundo a descrição é uma contribuição audio-visual, protegida por uma qualquer L30/2003, que faz cada um dos consumidores pagar 1,71 € por mês – ao que parece quem tem consumos do tipo uma lâmpada e qualquer coisita mais, está isento – tendo em vista financiar a emissoras oficiais de rádio e televisão nacionais e regionais, a que vulgarmente se chama RTP e RDP.
Independentemente de se ouvir e ver os emissores nacionais, como se não houvesse melhor, aqui estamos nós a contribuir duplamente para o financiamento delas.
Porque duplamente?
Porque contribuímos não só através deste financiamento mas igualmente porque ao atribuir outros subsídios à rádio e televisão nacionais, o Estado está a entregar lhes dinheiro obtido através dos nossos outros impostos pagos directa ou indirectamente.
Na Região o valor a entregar pelos consumidores de energia eléctrica e que são destinados aos audio-visuais nacionais, durante um ano, é de cerca de 1.5 milhões de euros, o que me parece uma quantia “saudável” que vai acumular com outras transferências do governo com o mesmo objectivo.
É o poder maioritário da governação que nos faz contribuir duplamente, embora em valores diferentes, para o mesmo fim e cujo “produto” fornecido bastas vezes não justifica o que se paga.
O outro assunto diz respeito directamente à Empresa de Electricidade dos Açores.
Cuidadosamente lida a factura a pagar no primeiro dia de Junho, tal só possível pelo tempo de espera que vos referi anteriormente, confronto-me com uma frase que diz textualmente isto: “Estimado Cliente: não nos foi possível realizar a leitura em 10-05-2007”
Para além de me congratular por me considerem um “Estimado Cliente”, o que é bastante agradável, fiquei em pulgas, como se usa dizer, para chegar a casa.
Chegado a casa fiquei muito mais aliviado pois verifiquei “in loco” que não me haviam roubado o pilar da entrada do portão, no qual se encontram uns “lindos” contadores de alumínio e vidro bem limpinho que permitem a leitura dos consumos, caso exista alguém que sobre eles “lance” o seu profissional olhar.
Fiquei pois sem perceber como é que na data referida na factura o funcionário da monopolista empresa fornecedora de energia eléctrica não conseguiu ver um contador de tamanho normal num espaço de coluna, também ele, normal.
Engano no contador? Miopia? Dificuldade em dobrar um pouco a espinha? As duas coisas juntas ou mesmo uma terceira ou quarta que de facto não consigo identificar?
Penso que me passaram – ou pelo menos tentaram passar – um atestado de burrice e que o que de facto acontece é que o leitor – que já nem é leitor-cobrador – passa com uma determinada periodicidade diferente da mensal o que tal faz com que a EDA utilize as celebres medias, que nos dão duas hipóteses: ou são altas e pagamos a mais, fazendo a empresa encontro de contas connosco após ter recebido o que não devia pelo consumo ser mais baixo; ou as médias são baixas e não pagamos o que devíamos, levando nós ao fim de meses a “sapatada” no orçamento familiar, tendo em vista repor a verdade dos consumos.
As médias são médias e como é o meu caso, devido a sair de consumos referentes a um período de construção, vi-me obrigado a pagar muito mais quando finalmente me vieram fazer uma leitura ao contador.
Tudo bem e o que se consome deve ser pago. O que na realidade me causa perplexidade é o facto de assumirem, neste caso por escrito, uma situação que não é verdadeira e que não é causada pelo cliente mas sim pelo fornecedor do produto e que tem a ver com a leitura mensal.
Ademais o celebre “nicho”, onde se encontra o contador da electricidade consumida, está devidamente à vista, tanto mais que aquando da construção a tal me vi “obrigado” por “recomendação” da própria empresa, precisamente com a justificação de que o leitor deveria ter acesso fácil ao mesmo.
Seria muito mais justo, mostrando qualidade, referir porque motivo a leitura não foi “possível realizar” ou em alternativa não referir nada, sendo estes pormenores que muitas vezes mostram a preocupação da qualidade e da imagem que se quer transmitir da própria empresa, e para a qual esta tem pessoal devidamente habilitado.
Prometo que numa próxima vez, se me disserem qual o dia e hora em que o leitor da empresa se deslocará a minha casa, estarei junto ao pilar do protão a apontar, com o meu melhor dedo indicador, para o contador de modo a não haver equívocos.
In Correio dos Açores
O pagamento, que normalmente efectuo religiosamente no último dia que me é permitido, só não sendo ao “cair” do inicio do dia seguinte porque normalmente me encontro bem aconchegado em casa, é devidamente satisfeito e sou, sinceramente, um cliente obrigatoriamente satisfeito, na medida em que não posso e nunca poderei ter outro fornecedor, dadas as características da pequena região arquipelágica onde vivo.
Tento no entanto e tentarei cada vez mais, fazer use de processos de aquecimento e de produção de energia eléctrica através de pequenos sistemas renováveis, que me permitirão viver feliz não só com uma conta menos choruda de consumo de electricidade mas simultaneamente, contribuir para a diminuição das emissões de gases com efeito de estufa para a atmosfera.
Mas voltemos ao essencial.
Devido ao facto de ter um tempo de espera - que normalmente uso para ler um jornal ou revista ou algum livro que usualmente transporto no carro que utilizo, o que em média anual, por exemplo, me permite ler quatro romances por ano – a ter pago minutos antes a factura mensal de consumo de electricidade e a não ter nada para ler, decidi “passar os olhos” – porque felizmente de dois se tratam – pelo referido documento enviado na oportunidade pela produtora de energia eléctrica, com quem “casei” para o bem e para o mal, até que outro fornecedor me surja com alternativas melhores em preço e qualidade.
Acredito que um contabilista ou auditor “olharia” de outra maneira para a factura da EDA – Empresa de Electricidade dos Açores, que já se identifica, segundo os seus responsáveis, como sociedade anónima de lucros consideráveis a entregar como dividendos aos accionistas e quiçá, de acordo com o que se passou nos anos transactos, a remunerar os trabalhadores com um adicional aos catorze meses de salários.
No entanto e após algumas leituras adicionais sobre dois aspectos referidos na dita factura, fiquei em ânsias de mostrar aos leitores, como é bom viver em Portugal e de outro ponto de vista depender de uma única empresa fornecedora de um produto.
A semelhança, penso eu, é de facto extrema entre um governo com maioria absoluta, que não se identifica tecnicamente como “governo monopolista” fornecedor de democracia musculada, e uma empresa que em sistema de monopólio fornece algo, mas que não se identifica tecnicamente como uma “empresa com maioria absoluta”.
Em qualquer dos casos o objectivo a atingir é sempre o mesmo: o cidadão, o “mexilhão” como se usa dizer na área do Direito, ou seja todos nós, os que não detemos o poder governamental ou empresarial.
Vamos à minha primeira surpresa, mas neste caso devemos admitir que a empresa apenas serve de intermediária para a governação.
Trata-se de uma taxa que aparece na zona destinada a “outros créditos/débitos” e que segundo a descrição é uma contribuição audio-visual, protegida por uma qualquer L30/2003, que faz cada um dos consumidores pagar 1,71 € por mês – ao que parece quem tem consumos do tipo uma lâmpada e qualquer coisita mais, está isento – tendo em vista financiar a emissoras oficiais de rádio e televisão nacionais e regionais, a que vulgarmente se chama RTP e RDP.
Independentemente de se ouvir e ver os emissores nacionais, como se não houvesse melhor, aqui estamos nós a contribuir duplamente para o financiamento delas.
Porque duplamente?
Porque contribuímos não só através deste financiamento mas igualmente porque ao atribuir outros subsídios à rádio e televisão nacionais, o Estado está a entregar lhes dinheiro obtido através dos nossos outros impostos pagos directa ou indirectamente.
Na Região o valor a entregar pelos consumidores de energia eléctrica e que são destinados aos audio-visuais nacionais, durante um ano, é de cerca de 1.5 milhões de euros, o que me parece uma quantia “saudável” que vai acumular com outras transferências do governo com o mesmo objectivo.
É o poder maioritário da governação que nos faz contribuir duplamente, embora em valores diferentes, para o mesmo fim e cujo “produto” fornecido bastas vezes não justifica o que se paga.
O outro assunto diz respeito directamente à Empresa de Electricidade dos Açores.
Cuidadosamente lida a factura a pagar no primeiro dia de Junho, tal só possível pelo tempo de espera que vos referi anteriormente, confronto-me com uma frase que diz textualmente isto: “Estimado Cliente: não nos foi possível realizar a leitura em 10-05-2007”
Para além de me congratular por me considerem um “Estimado Cliente”, o que é bastante agradável, fiquei em pulgas, como se usa dizer, para chegar a casa.
Chegado a casa fiquei muito mais aliviado pois verifiquei “in loco” que não me haviam roubado o pilar da entrada do portão, no qual se encontram uns “lindos” contadores de alumínio e vidro bem limpinho que permitem a leitura dos consumos, caso exista alguém que sobre eles “lance” o seu profissional olhar.
Fiquei pois sem perceber como é que na data referida na factura o funcionário da monopolista empresa fornecedora de energia eléctrica não conseguiu ver um contador de tamanho normal num espaço de coluna, também ele, normal.
Engano no contador? Miopia? Dificuldade em dobrar um pouco a espinha? As duas coisas juntas ou mesmo uma terceira ou quarta que de facto não consigo identificar?
Penso que me passaram – ou pelo menos tentaram passar – um atestado de burrice e que o que de facto acontece é que o leitor – que já nem é leitor-cobrador – passa com uma determinada periodicidade diferente da mensal o que tal faz com que a EDA utilize as celebres medias, que nos dão duas hipóteses: ou são altas e pagamos a mais, fazendo a empresa encontro de contas connosco após ter recebido o que não devia pelo consumo ser mais baixo; ou as médias são baixas e não pagamos o que devíamos, levando nós ao fim de meses a “sapatada” no orçamento familiar, tendo em vista repor a verdade dos consumos.
As médias são médias e como é o meu caso, devido a sair de consumos referentes a um período de construção, vi-me obrigado a pagar muito mais quando finalmente me vieram fazer uma leitura ao contador.
Tudo bem e o que se consome deve ser pago. O que na realidade me causa perplexidade é o facto de assumirem, neste caso por escrito, uma situação que não é verdadeira e que não é causada pelo cliente mas sim pelo fornecedor do produto e que tem a ver com a leitura mensal.
Ademais o celebre “nicho”, onde se encontra o contador da electricidade consumida, está devidamente à vista, tanto mais que aquando da construção a tal me vi “obrigado” por “recomendação” da própria empresa, precisamente com a justificação de que o leitor deveria ter acesso fácil ao mesmo.
Seria muito mais justo, mostrando qualidade, referir porque motivo a leitura não foi “possível realizar” ou em alternativa não referir nada, sendo estes pormenores que muitas vezes mostram a preocupação da qualidade e da imagem que se quer transmitir da própria empresa, e para a qual esta tem pessoal devidamente habilitado.
Prometo que numa próxima vez, se me disserem qual o dia e hora em que o leitor da empresa se deslocará a minha casa, estarei junto ao pilar do protão a apontar, com o meu melhor dedo indicador, para o contador de modo a não haver equívocos.
In Correio dos Açores
Monday, June 4, 2007
O FUTURO
O que têm eles, por direito, a receber?
Tudo e nada!!
Pegamos num dia, de acordo com as disponibilidades ainda existentes no calendário já de si tão “gasto” por tantos dias internacionais “disto e daquilo”, e tentamos a sorte de mostrar como deveria ser o dia deles.
Comprimimos um dia, de vinte e quatro horas, em apenas algumas horas de convívio entre muitos seus iguais, fazemo-los “esquecer” em casa aquele horrível “saco de costas” que diariamente carregam com livros e gradualmente lhes disforma a sua postura física futura, “obrigamo-los” quase obsessivamente a brincarem com carros, a fazerem desportos radicais adequados à idade e local, “permitimos-lhes” saltarem freneticamente, mas saudavelmente, num qualquer pula-pula, aproveitamos a mostrar-lhes como se pode cuidar da saúde ou mesmo a transmitirem o seu sentir próprio na arte de ler, transmitir, desenhar e/ou pintar, e “atrevemo-nos”, quem sabe subconscientemente a saber que não, a dizer-lhes que este é o seu dia, aquele dia anual, que ousadamente chamamos de “dia da criança”.
À noite cansados de um período de horas de prazer, longe por um dia das enormes obrigações diárias, “permitimos-lhes”, já no espaço da família, que eles ocupem algum do tempo a jogar, a ver algum programa infantil ou simplesmente a “caírem” nos braços de Morfeu.
O dia acaba e outro se perspectiva com o início de mais uma manhã.
À pressa, arrastando o sono, as ilusões da véspera e a pesada mochila de livros, o dia “encerrado” numa qualquer sabe em “obrigações” de aprendizagem, a volta a casa com a pesada responsabilidade, de antes ou depois da refeição, prolongar os estudos com os famosos e numerosíssimos “trabalhos para casa”, já demais condenados publicamente por numerosos especialistas conceituados que afirmam estar a criança sujeita a um período extra de pressão, quando o que deveria de facto fazer era aproveitar algum tempo para “crescer” aquilo que lhe é mais próprio, brincar.
Antevê-se nesta obrigatoriedade de consagrar tempo ao trabalho extra, em minha opinião, a necessidade futura de utilizar tempo adicional à actividade profissional, fruto de uma desenfreada e muitíssimo pouco salutar luta pelo posto de trabalho, tão comum nestes nossos dias e num mundo que se diz global.
Cansados do dia a dia os progenitores, muitas vezes divididos entre o frenesim doméstico e pelos outros filhos, não conseguem “acompanhá-los” convenientemente, não dando a ajuda tão implicitamente traduzida no rosto e desejada como segurança, sendo então o dia de ontem – que por acaso foi identificado como internacional da criança – já uma “muito antiga” recordação e o próximo fim-de-semana uma verdadeira miragem.
Mas ainda conseguimos, nós pais e aqui devo igualmente incluir os educadores a todos os níveis (classe profissional fundamental para o futuro do país e que se encontra sobremaneira tão mal considerada pelo governantes), transmitir que tudo em futuro poderá ser melhor se, como País, conseguirmos encontrar o caminho certo, a dignidade e a justiça que não seja diferenciada por sexo, raça ou principalmente pelo poder económico, assumindo no nosso íntimo, mas não transmitindo, que igualmente existe uma palavra tão indesejada como “cunha” que viabiliza muitos incompetentes em posições que lhes seriam vedadas por natureza.
As reportagens televisivas que me foram permitidas visualizar e referentes ao dia que se comemorou, conseguiram, mais ou menos, traduzir muita alegria por parte das crianças e pena é que tal não se lhes consiga dar durante todos os outros dias do ano, embora “misturado” com as obrigações escolares.
Nos Açores o canal estatal/regional não me permitiu visualizar qualquer acto das entidades governamentais alusivas ao dia.
Se tal facto for falha da minha parte, o que é pouco provável pois estive com imensa atenção, tendo até me obrigado a ver a repetição das informações, só me apercebendo de “comemorações” patrocinadas por entidades autárquicas, as minhas desculpas.
Vi sim uma preocupação enorme com uma, ao que parece, celebre coroa de prata de um século qualquer do passado, que vai viajar para os Estados Unidos e que, para além da sorte de ir passear – muitos de nós nem conseguimos conhecer a ilha do “lado” – teve igualmente a fortuna de ter despedida por parte de responsáveis regional e americano/local.
Segundo Carlos César a não presença da coroa na exposição que ocorrerá em Washington, seria uma “omissão gravíssima e historicamente uma mentira”, ao que deduzo pelo papel do arquipélago na época dos descobrimentos portugueses.
Calculo que a dita coroa não irá sozinha e se fará acompanhar de comitiva própria e digníssima para tal acto, que reputo da maior importância para o tão desejado desenvolvimento regional, de que todos carecemos.
Aproveitando “falar-se” de viagens fico sensibilizado por concluir que as criticas surgidas na comunicação social regional, que nos últimos anos e por esta altura vão sendo uma constante, não foram infundadas no que respeita aos transportes marítimos inter-ilhas.
Após uns pouquíssimos dias a navegar - e a dar alguma alegria aos responsáveis regionais por se ter finalmente cumprido prazos - o Ilha Azul, mostrando que quando se “adquire” velho se corre o risco de ter problemas, vai para o estaleiro para um “arranjinho” na hélice de proa do navio.
Vem um “irmão” possivelmente tão “velho” como o que abandona os Açores e que num esforço titânico pretenderá cumprir os dois “papéis”, com enorme probabilidade de ir “parar” ao estaleiro antes mesmo do Ilha Azul regressar ao activo depois de semanas de “repouso” forçado.
O tempo o dirá, tanto mais que ainda faltam muitos dias para navegar.
Noticias por parte dos responsáveis pela Atlânticoline: nenhumas, até porque nós açorianos já estamos habituados a este tratamento e alterar tal poderia surpreender-nos.
Na área dos transportes estamos muito profícuos nesta semana que passou, sendo noticia a greve da transportadora regional internacional, cujo pessoal de cabine optou por tal.
Pelas notícias divulgadas não chego a perceber se a greve está de facto a ter consequências ou não, pois afirma-se terem os voos afectados sido poucos, o pessoal de cabine estar em funções, mesmo que “rebuscado” de outros sítios ou ainda “imberbe” pondo em causa a segurança dos clientes, etc..
Voltando um pouco atrás no que escrevi em outros artigos, reside aqui o grande problema da Região quando se perspectiva o futuro do turismo açoriano, o tal “calcanhar de Aquiles” que fragiliza tudo o que possa ser desenvolvimento nesta área.
As regiões insulares, principalmente as ultraperiféricas, caracterizam-se por pouca riqueza endógena, afastamento dos grandes centros de decisão, diminuta e pouco especializada mão-de-obra e pequenos mercados locais, dependentes de um único produto, como o foi no passado em relação, por exemplo ao pastel, à laranja, à lavoura, etc…
Agora o turismo, onde se encontra a ser concentrado todo o potencial de desenvolvimento regional, está dependente de uma única transportadora que como “monopólio” (SATA e TAP) não permite a concorrência – salutar para quem utiliza os seus serviços, no que respeita preço e qualidade dos mesmos – e limita o acesso ao arquipélago em casos como o que está a ocorrer, dando para o exterior – leia-se potenciais turistas – uma imagem negativa e de que não existe uma “alternativa” em termos de acessos.
É urgente repensar os transportes aéreos, em termos de concorrência, e os marítimos, em qualidade, na Região, até porque ao contrário da grande maioria das outras regiões da Europa comunitária, a(o) nossa(o) “camioneta/comboio” é um avião.
In Correio dos Açores
Tudo e nada!!
Pegamos num dia, de acordo com as disponibilidades ainda existentes no calendário já de si tão “gasto” por tantos dias internacionais “disto e daquilo”, e tentamos a sorte de mostrar como deveria ser o dia deles.
Comprimimos um dia, de vinte e quatro horas, em apenas algumas horas de convívio entre muitos seus iguais, fazemo-los “esquecer” em casa aquele horrível “saco de costas” que diariamente carregam com livros e gradualmente lhes disforma a sua postura física futura, “obrigamo-los” quase obsessivamente a brincarem com carros, a fazerem desportos radicais adequados à idade e local, “permitimos-lhes” saltarem freneticamente, mas saudavelmente, num qualquer pula-pula, aproveitamos a mostrar-lhes como se pode cuidar da saúde ou mesmo a transmitirem o seu sentir próprio na arte de ler, transmitir, desenhar e/ou pintar, e “atrevemo-nos”, quem sabe subconscientemente a saber que não, a dizer-lhes que este é o seu dia, aquele dia anual, que ousadamente chamamos de “dia da criança”.
À noite cansados de um período de horas de prazer, longe por um dia das enormes obrigações diárias, “permitimos-lhes”, já no espaço da família, que eles ocupem algum do tempo a jogar, a ver algum programa infantil ou simplesmente a “caírem” nos braços de Morfeu.
O dia acaba e outro se perspectiva com o início de mais uma manhã.
À pressa, arrastando o sono, as ilusões da véspera e a pesada mochila de livros, o dia “encerrado” numa qualquer sabe em “obrigações” de aprendizagem, a volta a casa com a pesada responsabilidade, de antes ou depois da refeição, prolongar os estudos com os famosos e numerosíssimos “trabalhos para casa”, já demais condenados publicamente por numerosos especialistas conceituados que afirmam estar a criança sujeita a um período extra de pressão, quando o que deveria de facto fazer era aproveitar algum tempo para “crescer” aquilo que lhe é mais próprio, brincar.
Antevê-se nesta obrigatoriedade de consagrar tempo ao trabalho extra, em minha opinião, a necessidade futura de utilizar tempo adicional à actividade profissional, fruto de uma desenfreada e muitíssimo pouco salutar luta pelo posto de trabalho, tão comum nestes nossos dias e num mundo que se diz global.
Cansados do dia a dia os progenitores, muitas vezes divididos entre o frenesim doméstico e pelos outros filhos, não conseguem “acompanhá-los” convenientemente, não dando a ajuda tão implicitamente traduzida no rosto e desejada como segurança, sendo então o dia de ontem – que por acaso foi identificado como internacional da criança – já uma “muito antiga” recordação e o próximo fim-de-semana uma verdadeira miragem.
Mas ainda conseguimos, nós pais e aqui devo igualmente incluir os educadores a todos os níveis (classe profissional fundamental para o futuro do país e que se encontra sobremaneira tão mal considerada pelo governantes), transmitir que tudo em futuro poderá ser melhor se, como País, conseguirmos encontrar o caminho certo, a dignidade e a justiça que não seja diferenciada por sexo, raça ou principalmente pelo poder económico, assumindo no nosso íntimo, mas não transmitindo, que igualmente existe uma palavra tão indesejada como “cunha” que viabiliza muitos incompetentes em posições que lhes seriam vedadas por natureza.
As reportagens televisivas que me foram permitidas visualizar e referentes ao dia que se comemorou, conseguiram, mais ou menos, traduzir muita alegria por parte das crianças e pena é que tal não se lhes consiga dar durante todos os outros dias do ano, embora “misturado” com as obrigações escolares.
Nos Açores o canal estatal/regional não me permitiu visualizar qualquer acto das entidades governamentais alusivas ao dia.
Se tal facto for falha da minha parte, o que é pouco provável pois estive com imensa atenção, tendo até me obrigado a ver a repetição das informações, só me apercebendo de “comemorações” patrocinadas por entidades autárquicas, as minhas desculpas.
Vi sim uma preocupação enorme com uma, ao que parece, celebre coroa de prata de um século qualquer do passado, que vai viajar para os Estados Unidos e que, para além da sorte de ir passear – muitos de nós nem conseguimos conhecer a ilha do “lado” – teve igualmente a fortuna de ter despedida por parte de responsáveis regional e americano/local.
Segundo Carlos César a não presença da coroa na exposição que ocorrerá em Washington, seria uma “omissão gravíssima e historicamente uma mentira”, ao que deduzo pelo papel do arquipélago na época dos descobrimentos portugueses.
Calculo que a dita coroa não irá sozinha e se fará acompanhar de comitiva própria e digníssima para tal acto, que reputo da maior importância para o tão desejado desenvolvimento regional, de que todos carecemos.
Aproveitando “falar-se” de viagens fico sensibilizado por concluir que as criticas surgidas na comunicação social regional, que nos últimos anos e por esta altura vão sendo uma constante, não foram infundadas no que respeita aos transportes marítimos inter-ilhas.
Após uns pouquíssimos dias a navegar - e a dar alguma alegria aos responsáveis regionais por se ter finalmente cumprido prazos - o Ilha Azul, mostrando que quando se “adquire” velho se corre o risco de ter problemas, vai para o estaleiro para um “arranjinho” na hélice de proa do navio.
Vem um “irmão” possivelmente tão “velho” como o que abandona os Açores e que num esforço titânico pretenderá cumprir os dois “papéis”, com enorme probabilidade de ir “parar” ao estaleiro antes mesmo do Ilha Azul regressar ao activo depois de semanas de “repouso” forçado.
O tempo o dirá, tanto mais que ainda faltam muitos dias para navegar.
Noticias por parte dos responsáveis pela Atlânticoline: nenhumas, até porque nós açorianos já estamos habituados a este tratamento e alterar tal poderia surpreender-nos.
Na área dos transportes estamos muito profícuos nesta semana que passou, sendo noticia a greve da transportadora regional internacional, cujo pessoal de cabine optou por tal.
Pelas notícias divulgadas não chego a perceber se a greve está de facto a ter consequências ou não, pois afirma-se terem os voos afectados sido poucos, o pessoal de cabine estar em funções, mesmo que “rebuscado” de outros sítios ou ainda “imberbe” pondo em causa a segurança dos clientes, etc..
Voltando um pouco atrás no que escrevi em outros artigos, reside aqui o grande problema da Região quando se perspectiva o futuro do turismo açoriano, o tal “calcanhar de Aquiles” que fragiliza tudo o que possa ser desenvolvimento nesta área.
As regiões insulares, principalmente as ultraperiféricas, caracterizam-se por pouca riqueza endógena, afastamento dos grandes centros de decisão, diminuta e pouco especializada mão-de-obra e pequenos mercados locais, dependentes de um único produto, como o foi no passado em relação, por exemplo ao pastel, à laranja, à lavoura, etc…
Agora o turismo, onde se encontra a ser concentrado todo o potencial de desenvolvimento regional, está dependente de uma única transportadora que como “monopólio” (SATA e TAP) não permite a concorrência – salutar para quem utiliza os seus serviços, no que respeita preço e qualidade dos mesmos – e limita o acesso ao arquipélago em casos como o que está a ocorrer, dando para o exterior – leia-se potenciais turistas – uma imagem negativa e de que não existe uma “alternativa” em termos de acessos.
É urgente repensar os transportes aéreos, em termos de concorrência, e os marítimos, em qualidade, na Região, até porque ao contrário da grande maioria das outras regiões da Europa comunitária, a(o) nossa(o) “camioneta/comboio” é um avião.
In Correio dos Açores
Friday, June 1, 2007
SEM FIM À VISTA
Cada vez mais a politica me parece uma actividade essencialmente comercial, com um fim único: o de obter benefícios, quer directos quer indirectos, para os próprios participantes.
Os objectivos são definidos antes quando se assume ser candidato a qualquer lugar e após a concretização da “colocação” no mesmo, em que no fundamental é necessário mantê-lo e “aproveitar” da melhor maneira a ocasião.
A competência técnica - que deveria ser uma das características fundamentais associada à dignidade e honestidade de cada um dos intervenientes políticos - bastas vezes obtida no decurso das respectivas actividades profissionais, que deveriam ser colocadas ao serviço dos cidadãos considerados de um modo geral e principalmente daqueles que através do seu voto credibilizam e acreditam nos intervenientes no processo democrático - parece-me estar cada vez mais distante do conceito de serviço publico.
Ser deputado, por exemplo, deixou quanto a mim de ser algo importante e, salvo raras e honrosas excepções que de certo se contam por uma mão de preferência com algum(ns) dedo(s) decepado(s), passou a fazer parte das actividades onde impera a incompetência, o compadrio, o desleixo, o lazer como origem da preguiça, o atrevimento, o atropelo e todo um conjunto de outros atributos que, como é extremamente fácil de admitir, nada possuem de positivo.
Sendo a assembleia da República e por analogia as assembleias regionais, os locais por excelência onde se devem conseguir identificar os exemplos nacionais/regionais, tanto em termos pessoais como no conjunto dos partidos nela participantes, parece-me esta apresentar uma elevada valorização negativa de credibilidade
Quando visualizo quase diariamente, através da comunicação social, alguns dos trabalhos que decorrem no hemiciclo é frequente concluir que a qualidade do trabalho e a democraticidade das atitudes são sobejamente ultrapassadas pela guerrilha verbal, pelo “diz que disse, mas não disse”, pelo alheamento dos trabalhos em discussão, pelo adormecimento ou mesmo pela demonstração de desinteresse pelos assuntos, verdadeiramente manifestado tanto pelas amenas e ao que parece intimas conversas entre pares, como pela ausência dos eleitos ou mesmo pela leitura de algum órgão de comunicação social.
O desrespeito assume o seu ponto mais elevado quando, mercê de noites de “trabalho” mais prolongadas, o resultado é a sonolência ou mesmo o cair nos “braços de morfeu” que alguns dos eleitos não conseguem evitar.
Tudo em nome de uma democracia que se quer a bem de um povo, que acreditou que, após anos de crises sucessivas, seria possível com a concretização da entrada no conjunto dos estados-membros comunitários, obter um elevado nível de desenvolvimento sustentado.
No entanto não são só os eleitos para o desempenho da actividade de deputados que deixam muito a desejar, contribuindo apenas e sobremaneira para o “desenvolvimento” dos seus interesses pessoais, em detrimento dos cidadãos eleitores.
Também os responsáveis governativos e outros aos mais diversos níveis das diferentes hierarquias da actividade politica, a que se pode muito bem juntar os responsáveis partidários, conseguem mostrar como não se deve desenvolver politica num contexto democrático.
As lutas internas partidárias, que deveriam e muitas vezes poderiam ser assuntos do foro interno dos partidos, surgem a público como um autentico lavar de roupa suja e com demonstrações pessoais de se pretender obter o poder a qualquer custo.
Prova disso tem sido recentemente o que se passa no CDS/PP em que os seus dirigentes actuais e candidatos ao poder mostram como não se deve fazer politica.
O que me parece realmente incrível é que qualquer deles acredita e afirma a “pés juntos” que estão a contribuir positivamente para que o partido venha, no futuro, a ser governo.
Assumindo que qualquer um destes dois responsáveis partidários deve ter pelo menos dois neurónios em actividade e que não foram atingidos por qualquer tipo de demência, sou de opinião que devem estar a gozar em pleno com os seus fiéis eleitores.
Já os problemas do governo são, em variadíssimas vertentes, outros.
Temos um primeiro-ministro metido num enredo por causa de uma “simples” licenciatura – que, por incrível que pareça, nem em Angola consegue ser reconhecida e pelos vistos com razão – espartilhado numa verdadeira “camisa de onze varas”.
“Camisa” que ao ser apertada cada vez se mostra menos consistente para o público em geral, pelo menos para aqueles que não são fiéis seguidores do partido e da governação, e mais fundamentada para o próprio José Sócrates.
Por outro lado o governo parece igualmente estar a passar por uma fase menos agradável no que concerne à aceitação, por parte dos cidadãos, de algumas decisões politicas que tomou, assumindo mesmo a necessidade de “voltar atrás”, embora disfarçadamente, em alguns deles.
Nas palavras públicas proferidas recentemente por José Sócrates, perante os seus camaradas na comemoração do aniversário do partido socialista, que tanto o partido como o governo representam a “qualidade da democracia”, sendo esta “uma democracia de valores e com decência, tolerância e respeito pelos adversários políticos”, “não estando (ao que suponho os membros do partido) no governo para servir este ou aquele interesse”.
Na realidade o que se nota são nomeações – inúmeras e constantes – para cargos públicos no governo ou em empresas por ele tuteladas, de membros ou simpatizantes do partido, de amigos ou familiares cujos interesses são servir até à exaustão e servirem-se até ao momento final, assumindo que este poderá ocorrer de um momento para o outro.
São benesses e salários elevados, são licenciaturas oportunas para “encaixe” em lugares de administração de instituições públicas, são reformas chorudas e muita incompetência ocupando lugares que por qualidade e direito não lhes deviam ser atribuídos.
O combate à corrupção por parte do governo de José Sócrates, outro assunto demasiado quente, seria de certo visto como algo importantíssimo por todos os portugueses que vivem de rendimentos mínimos, que não têm pensões de reforma ou sobrevivência condignas, que trabalham dignamente e conscientemente, que vêm os seus salários não serem actualizados e serem despendidos em taxas de juro e impostos altíssimos (estes últimos em média rondando os 37%) e que não conseguem viver o dia a dia com algum algum desafogo.
Ainda esta semana e após um mês de Fevereiro em que o deputado do partido socialista João Cravinho apresentou uma proposta de alteração à lei que permitiria identificar e controlar a corrupção existente neste País – o que lhe valeu ser “colocado” numa prateleira dourada num qualquer País estrangeiro e por arrastamento fazer com que o pacote anti-corrupção por ele proposto fosse “esquecido” – os representantes socialistas na Assembleia da República inviabilizaram a discussão de um projecto de combate ao enriquecimento ilícito dos detentores de cargos públicos e políticos.
Porquê tanto medo se o partido e consequentemente o governo que José Sócrates chefia não estão no poder para servir “este ou aquele” interesse e se assumem como dando “valor e qualidade” à democracia?
Porquê razão se afirma que não é ilícito ter dinheiro, mas não se afirma que o acumular de dinheiro ilícito não pode resultar de qualquer actuação a nível político e se permite a criação de legislação abrangente destas actuações que em nada servem o País?
In Correio dos Açores
Os objectivos são definidos antes quando se assume ser candidato a qualquer lugar e após a concretização da “colocação” no mesmo, em que no fundamental é necessário mantê-lo e “aproveitar” da melhor maneira a ocasião.
A competência técnica - que deveria ser uma das características fundamentais associada à dignidade e honestidade de cada um dos intervenientes políticos - bastas vezes obtida no decurso das respectivas actividades profissionais, que deveriam ser colocadas ao serviço dos cidadãos considerados de um modo geral e principalmente daqueles que através do seu voto credibilizam e acreditam nos intervenientes no processo democrático - parece-me estar cada vez mais distante do conceito de serviço publico.
Ser deputado, por exemplo, deixou quanto a mim de ser algo importante e, salvo raras e honrosas excepções que de certo se contam por uma mão de preferência com algum(ns) dedo(s) decepado(s), passou a fazer parte das actividades onde impera a incompetência, o compadrio, o desleixo, o lazer como origem da preguiça, o atrevimento, o atropelo e todo um conjunto de outros atributos que, como é extremamente fácil de admitir, nada possuem de positivo.
Sendo a assembleia da República e por analogia as assembleias regionais, os locais por excelência onde se devem conseguir identificar os exemplos nacionais/regionais, tanto em termos pessoais como no conjunto dos partidos nela participantes, parece-me esta apresentar uma elevada valorização negativa de credibilidade
Quando visualizo quase diariamente, através da comunicação social, alguns dos trabalhos que decorrem no hemiciclo é frequente concluir que a qualidade do trabalho e a democraticidade das atitudes são sobejamente ultrapassadas pela guerrilha verbal, pelo “diz que disse, mas não disse”, pelo alheamento dos trabalhos em discussão, pelo adormecimento ou mesmo pela demonstração de desinteresse pelos assuntos, verdadeiramente manifestado tanto pelas amenas e ao que parece intimas conversas entre pares, como pela ausência dos eleitos ou mesmo pela leitura de algum órgão de comunicação social.
O desrespeito assume o seu ponto mais elevado quando, mercê de noites de “trabalho” mais prolongadas, o resultado é a sonolência ou mesmo o cair nos “braços de morfeu” que alguns dos eleitos não conseguem evitar.
Tudo em nome de uma democracia que se quer a bem de um povo, que acreditou que, após anos de crises sucessivas, seria possível com a concretização da entrada no conjunto dos estados-membros comunitários, obter um elevado nível de desenvolvimento sustentado.
No entanto não são só os eleitos para o desempenho da actividade de deputados que deixam muito a desejar, contribuindo apenas e sobremaneira para o “desenvolvimento” dos seus interesses pessoais, em detrimento dos cidadãos eleitores.
Também os responsáveis governativos e outros aos mais diversos níveis das diferentes hierarquias da actividade politica, a que se pode muito bem juntar os responsáveis partidários, conseguem mostrar como não se deve desenvolver politica num contexto democrático.
As lutas internas partidárias, que deveriam e muitas vezes poderiam ser assuntos do foro interno dos partidos, surgem a público como um autentico lavar de roupa suja e com demonstrações pessoais de se pretender obter o poder a qualquer custo.
Prova disso tem sido recentemente o que se passa no CDS/PP em que os seus dirigentes actuais e candidatos ao poder mostram como não se deve fazer politica.
O que me parece realmente incrível é que qualquer deles acredita e afirma a “pés juntos” que estão a contribuir positivamente para que o partido venha, no futuro, a ser governo.
Assumindo que qualquer um destes dois responsáveis partidários deve ter pelo menos dois neurónios em actividade e que não foram atingidos por qualquer tipo de demência, sou de opinião que devem estar a gozar em pleno com os seus fiéis eleitores.
Já os problemas do governo são, em variadíssimas vertentes, outros.
Temos um primeiro-ministro metido num enredo por causa de uma “simples” licenciatura – que, por incrível que pareça, nem em Angola consegue ser reconhecida e pelos vistos com razão – espartilhado numa verdadeira “camisa de onze varas”.
“Camisa” que ao ser apertada cada vez se mostra menos consistente para o público em geral, pelo menos para aqueles que não são fiéis seguidores do partido e da governação, e mais fundamentada para o próprio José Sócrates.
Por outro lado o governo parece igualmente estar a passar por uma fase menos agradável no que concerne à aceitação, por parte dos cidadãos, de algumas decisões politicas que tomou, assumindo mesmo a necessidade de “voltar atrás”, embora disfarçadamente, em alguns deles.
Nas palavras públicas proferidas recentemente por José Sócrates, perante os seus camaradas na comemoração do aniversário do partido socialista, que tanto o partido como o governo representam a “qualidade da democracia”, sendo esta “uma democracia de valores e com decência, tolerância e respeito pelos adversários políticos”, “não estando (ao que suponho os membros do partido) no governo para servir este ou aquele interesse”.
Na realidade o que se nota são nomeações – inúmeras e constantes – para cargos públicos no governo ou em empresas por ele tuteladas, de membros ou simpatizantes do partido, de amigos ou familiares cujos interesses são servir até à exaustão e servirem-se até ao momento final, assumindo que este poderá ocorrer de um momento para o outro.
São benesses e salários elevados, são licenciaturas oportunas para “encaixe” em lugares de administração de instituições públicas, são reformas chorudas e muita incompetência ocupando lugares que por qualidade e direito não lhes deviam ser atribuídos.
O combate à corrupção por parte do governo de José Sócrates, outro assunto demasiado quente, seria de certo visto como algo importantíssimo por todos os portugueses que vivem de rendimentos mínimos, que não têm pensões de reforma ou sobrevivência condignas, que trabalham dignamente e conscientemente, que vêm os seus salários não serem actualizados e serem despendidos em taxas de juro e impostos altíssimos (estes últimos em média rondando os 37%) e que não conseguem viver o dia a dia com algum algum desafogo.
Ainda esta semana e após um mês de Fevereiro em que o deputado do partido socialista João Cravinho apresentou uma proposta de alteração à lei que permitiria identificar e controlar a corrupção existente neste País – o que lhe valeu ser “colocado” numa prateleira dourada num qualquer País estrangeiro e por arrastamento fazer com que o pacote anti-corrupção por ele proposto fosse “esquecido” – os representantes socialistas na Assembleia da República inviabilizaram a discussão de um projecto de combate ao enriquecimento ilícito dos detentores de cargos públicos e políticos.
Porquê tanto medo se o partido e consequentemente o governo que José Sócrates chefia não estão no poder para servir “este ou aquele” interesse e se assumem como dando “valor e qualidade” à democracia?
Porquê razão se afirma que não é ilícito ter dinheiro, mas não se afirma que o acumular de dinheiro ilícito não pode resultar de qualquer actuação a nível político e se permite a criação de legislação abrangente destas actuações que em nada servem o País?
In Correio dos Açores
A BAGUNÇA CONTINUADA
Nas últimas semanas, em vários artigos, permiti-me classificar o que se passa em Portugal, a nível essencialmente político, como uma grande bagunça, tudo levando a acreditar não estar longe da verdade.
Desta feita e após, num artigo passado, ter chamado a atenção de quem leu que estávamos no mau caminho quando um governante incitava os funcionários públicos a serem delatores dos colegas, eis que surge a público um caso de delação, com consequências imediatas na vida profissional de um professor.
Assumo que estaremos perante um caso que não só terá um aspecto de confronto político – por um lado um é ex-deputado, por outro uma directora; por um lado um “associado” de um partido, por outro uma “associada” de um outro – ou/e a possibilidade entre colegas de “trepar” na hierarquia, sujeita e apta a ser bajulada e fruto da hipótese de um colega ser castigado e consequentemente perder o lugar em que desempenha funções.
O assunto, mas principalmente o modo como ele surgiu, é de tal modo “perigoso” que para além de já ter merecido a opinião do presidente da República, em termos de urgência de esclarecimento e resolução, foi objecto de outras opiniões abalizadas de personalidades nacionais.
Pelo que ocorreu, dentro de pouquíssimo tempo, teremos uma “massa enorme” e sempre crescentes de delatores – que pretenderão não ser atingidos pela delação e em simultâneo agradar às hierarquias politico-partidárias afectas ao poder – e os outros, cada vez em menor número e necessariamente subjugados, condicionados nas suas intervenções escritas ou orais, em privado ou em público.
Será sem dúvida o momento em que a liberdade, porque tanto se lutou durante anos, deixará de ter significado enquanto tal.
A delação e a ameaça, que não são algo recente, aparecem de facto “coladas” ao problema “socrateano” do tão celebre, mas pelos vistos esquecido apesar das afirmações de que tudo ficaria devidamente esclarecido através de inquéritos por quem de direito, diploma do primeiro-ministro.
Primeiro, a acreditar nas declarações públicas de alguns responsáveis da comunicação social, foram ameaças, com origem em pessoas afectas ao governo, de acções em tribunal caso o assunto fosse tornado público e agora é esta situação de delação.
A intenção de limitação de liberdade na comunicação social associada à limitação e coerção de quem emite opinião - mesmo que através daquilo que os portugueses fizeram no passado e continuam a fazer melhor e que é caricaturar os seus governantes – poderão ser o inicio da negação dos nossos direitos democráticos e a tentação de surgirem atitudes de força ditatorial.
Quem mais se poderia queixas, neste aspecto, que Santana Lopes e/ou Paulo Portas, os quais durante a sua governação conseguiram ser objecto do maior número de caricaturas e/ou anedotas?
Não tenho dúvidas que as maiorias absolutas, como a detida pelo partido socialista, permitem que se encare a governação como um conjunto de atitudes que não pretendem sejam objecto de discussão entre os partidos, na medida em que quem detém o poder “põe e dispõe” da decisão.
A verdadeira governação democrática fruto da discussão, em minha opinião, só surge quando existe uma oposição que fundamenta toda a sua actuação, deixando-se de querelas de valor menor, e que se prepara para ser alternativa ao governo.
Infelizmente, ao que parece, o partido socialista enquanto poder, não deve considerar que essa oposição exista e lhe possa ser alternativa nas próximas décadas, dadas não só as lutas internas tendo em vista a sua presidência como igualmente a fraca consistência das suas ideias e modo de intervir.
No entretanto os ministros de José Sócrates vão rivalizando em proferirem asneiras e de tal maneira abusam disso que o próprio grupo parlamentar do partido discute as mesmas em reunião e embora assumindo divergências entre si, critica o próprio primeiro-ministro mostrando o seu desagrado por ser sobre eles, os parlamentares, que “cai” o odioso destes comentários e demais atitudes infelizes.
Para além do sempre fértil e asneirento ministro da economia, Manuel Pinho, que com o seu ar de pseudo-intelectual nos vai dando noticias contraditórias da evolução económica do País e das empresas que despedem trabalhadores e/ou são encerradas, surge agora o caso de Mário Lino.
Não que ao contrário do professor que, perante um colega, proferiu um comentário jocoso sobre a licenciatura de Sócrates e se encontra a pagar por isso, Mário Lino, o ministro, tenha sofrido quaisquer consequências por ter aludido publicamente a uma piada sobre a famosa licenciatura, mas sim por causa do caso “OTAgate”.
Publicamente o ministro afirmou ser a zona a sul do Tejo um verdadeiro deserto, considerando que achava “faraónico fazer o aeroporto na margem sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis…”
Tal afirmação, para além de ser um verdadeiro “tiro no pé” governativo, representa a própria negação pública de um País que se vem afirmando como desenvolvido.
Mário Lino, o ministro das obras públicas, conseguiu fazer com que os autarcas dos concelhos a sul do Tejo e de um modo geral os próprios cidadãos aí residentes se sentissem e mostrassem como um governante pode e deve ser pouco considerado, tendo a oposição na assembleia da República pedido a sua demissão ou no mínimo um pedido público de desculpa pelo infeliz comentário.
Agravando o juncoso e mal intencionado comentário governamental, Almeida Santos, enquanto dirigente do partido socialista, na tentativa de justificar a decisão de se optar pela OTA, como localização para o futuro aeroporto, apresentou como argumento – imaginem?!!! – o facto desta ser menos vulnerável a actos de terrorismo.
Assumiu assim que “um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada. Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do País”.
Lindo!
E pensar eu que foram “cabecinhas” como esta que “pensaram” Portugal nas últimas décadas!
Só assim de facto se justifica que tanto e tanto dinheiro, muito dele vindo a fundo perdido da comunidade europeia, não tenha permitido que Portugal se tornasse um País desenvolvido e que estejamos a passar por crises sucessivas que nos consomem tudo o que ainda conseguimos ter.
Também o assunto das progressões nas carreiras dos funcionários públicos tem vindo a público e mais uma vez são estes que directamente o governo sacrifica, tendo como intenção poupar anualmente cerca de 400 milhões de euros.
Após afirmações de congelamento nas progressões para 2008, e num período de poucas horas, já tudo foi alterado continuando no entanto uma situação que o governo decretou em Setembro de 2005 como provisória para o ano de 2006, a perpetuar-se no tempo.
Mas nem mesmo estes impostos sacrifícios, que permitem poupanças anuais volumosas ao erário público, permitem que o governo seja cumpridor das suas obrigações, atingindo neste momento, por exemplo, a divida do ministério da saúde à industria farmacêutica a modesta quantia de cerca de 720 milhões de euros.
Assim, recebendo “daqui” e não pagando “ali”, quem não consegue equilibrar défices orçamentais? Até eu!!!
In Correio dos Açores
Desta feita e após, num artigo passado, ter chamado a atenção de quem leu que estávamos no mau caminho quando um governante incitava os funcionários públicos a serem delatores dos colegas, eis que surge a público um caso de delação, com consequências imediatas na vida profissional de um professor.
Assumo que estaremos perante um caso que não só terá um aspecto de confronto político – por um lado um é ex-deputado, por outro uma directora; por um lado um “associado” de um partido, por outro uma “associada” de um outro – ou/e a possibilidade entre colegas de “trepar” na hierarquia, sujeita e apta a ser bajulada e fruto da hipótese de um colega ser castigado e consequentemente perder o lugar em que desempenha funções.
O assunto, mas principalmente o modo como ele surgiu, é de tal modo “perigoso” que para além de já ter merecido a opinião do presidente da República, em termos de urgência de esclarecimento e resolução, foi objecto de outras opiniões abalizadas de personalidades nacionais.
Pelo que ocorreu, dentro de pouquíssimo tempo, teremos uma “massa enorme” e sempre crescentes de delatores – que pretenderão não ser atingidos pela delação e em simultâneo agradar às hierarquias politico-partidárias afectas ao poder – e os outros, cada vez em menor número e necessariamente subjugados, condicionados nas suas intervenções escritas ou orais, em privado ou em público.
Será sem dúvida o momento em que a liberdade, porque tanto se lutou durante anos, deixará de ter significado enquanto tal.
A delação e a ameaça, que não são algo recente, aparecem de facto “coladas” ao problema “socrateano” do tão celebre, mas pelos vistos esquecido apesar das afirmações de que tudo ficaria devidamente esclarecido através de inquéritos por quem de direito, diploma do primeiro-ministro.
Primeiro, a acreditar nas declarações públicas de alguns responsáveis da comunicação social, foram ameaças, com origem em pessoas afectas ao governo, de acções em tribunal caso o assunto fosse tornado público e agora é esta situação de delação.
A intenção de limitação de liberdade na comunicação social associada à limitação e coerção de quem emite opinião - mesmo que através daquilo que os portugueses fizeram no passado e continuam a fazer melhor e que é caricaturar os seus governantes – poderão ser o inicio da negação dos nossos direitos democráticos e a tentação de surgirem atitudes de força ditatorial.
Quem mais se poderia queixas, neste aspecto, que Santana Lopes e/ou Paulo Portas, os quais durante a sua governação conseguiram ser objecto do maior número de caricaturas e/ou anedotas?
Não tenho dúvidas que as maiorias absolutas, como a detida pelo partido socialista, permitem que se encare a governação como um conjunto de atitudes que não pretendem sejam objecto de discussão entre os partidos, na medida em que quem detém o poder “põe e dispõe” da decisão.
A verdadeira governação democrática fruto da discussão, em minha opinião, só surge quando existe uma oposição que fundamenta toda a sua actuação, deixando-se de querelas de valor menor, e que se prepara para ser alternativa ao governo.
Infelizmente, ao que parece, o partido socialista enquanto poder, não deve considerar que essa oposição exista e lhe possa ser alternativa nas próximas décadas, dadas não só as lutas internas tendo em vista a sua presidência como igualmente a fraca consistência das suas ideias e modo de intervir.
No entretanto os ministros de José Sócrates vão rivalizando em proferirem asneiras e de tal maneira abusam disso que o próprio grupo parlamentar do partido discute as mesmas em reunião e embora assumindo divergências entre si, critica o próprio primeiro-ministro mostrando o seu desagrado por ser sobre eles, os parlamentares, que “cai” o odioso destes comentários e demais atitudes infelizes.
Para além do sempre fértil e asneirento ministro da economia, Manuel Pinho, que com o seu ar de pseudo-intelectual nos vai dando noticias contraditórias da evolução económica do País e das empresas que despedem trabalhadores e/ou são encerradas, surge agora o caso de Mário Lino.
Não que ao contrário do professor que, perante um colega, proferiu um comentário jocoso sobre a licenciatura de Sócrates e se encontra a pagar por isso, Mário Lino, o ministro, tenha sofrido quaisquer consequências por ter aludido publicamente a uma piada sobre a famosa licenciatura, mas sim por causa do caso “OTAgate”.
Publicamente o ministro afirmou ser a zona a sul do Tejo um verdadeiro deserto, considerando que achava “faraónico fazer o aeroporto na margem sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis…”
Tal afirmação, para além de ser um verdadeiro “tiro no pé” governativo, representa a própria negação pública de um País que se vem afirmando como desenvolvido.
Mário Lino, o ministro das obras públicas, conseguiu fazer com que os autarcas dos concelhos a sul do Tejo e de um modo geral os próprios cidadãos aí residentes se sentissem e mostrassem como um governante pode e deve ser pouco considerado, tendo a oposição na assembleia da República pedido a sua demissão ou no mínimo um pedido público de desculpa pelo infeliz comentário.
Agravando o juncoso e mal intencionado comentário governamental, Almeida Santos, enquanto dirigente do partido socialista, na tentativa de justificar a decisão de se optar pela OTA, como localização para o futuro aeroporto, apresentou como argumento – imaginem?!!! – o facto desta ser menos vulnerável a actos de terrorismo.
Assumiu assim que “um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada. Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do País”.
Lindo!
E pensar eu que foram “cabecinhas” como esta que “pensaram” Portugal nas últimas décadas!
Só assim de facto se justifica que tanto e tanto dinheiro, muito dele vindo a fundo perdido da comunidade europeia, não tenha permitido que Portugal se tornasse um País desenvolvido e que estejamos a passar por crises sucessivas que nos consomem tudo o que ainda conseguimos ter.
Também o assunto das progressões nas carreiras dos funcionários públicos tem vindo a público e mais uma vez são estes que directamente o governo sacrifica, tendo como intenção poupar anualmente cerca de 400 milhões de euros.
Após afirmações de congelamento nas progressões para 2008, e num período de poucas horas, já tudo foi alterado continuando no entanto uma situação que o governo decretou em Setembro de 2005 como provisória para o ano de 2006, a perpetuar-se no tempo.
Mas nem mesmo estes impostos sacrifícios, que permitem poupanças anuais volumosas ao erário público, permitem que o governo seja cumpridor das suas obrigações, atingindo neste momento, por exemplo, a divida do ministério da saúde à industria farmacêutica a modesta quantia de cerca de 720 milhões de euros.
Assim, recebendo “daqui” e não pagando “ali”, quem não consegue equilibrar défices orçamentais? Até eu!!!
In Correio dos Açores
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